memórias de um cachorro - meu irmão

Hoje não vou falar de nada de errado que fiz
ou do meu amor por ela.
Vim falar do meu irmão.
E prometo que não vou dizer que ele é velho ou gordo.
Ele mora na casa grande antes mesmo dela ter porta ou janelas.
Um dia quando ela chegou , para pagar o pessoal da obra,
eles iam matá-lo,
pois ele era magro, sujo, esculachado e feio.
Ela, linda, cheia de amor no coração,
quase uma Deusa...ficou com ele.
Cuidou, trouxe no doutor
( aquele das agulhas e dos biscoitinhos),
encheu ele de amor e carinhos.
Ele nunca mais foi embora.
Já são quase 10 anos.
Ele a defende com todos os seus dentes e garras,
a conhece como ninguém.
Ele me ensinou tudo que eu sei,
e o que eu faço de errado
é porque ainda sou uma criança rebelde.
Ele é super popular no lugarejo,
é dócil e amável,
mas uma fera quando se trata de defender o território,
tem até uma tatuagem no braço
de quando enfrentou um pittbul.
Ele não gosta de criança.
Adora todo tipo de laticínio,
e é o xodó dela e do cara que trabalha tomando conta de tudo.
Ele anda meio preguiçoso ultimamente,
e escutei ela dizer que ele está ficando banguela,
não sei bem o que é isso.
Acho que tem a ver com dentes e com os "anos" que ele já viveu.
Ele é meu irmão mais velho e eu o amo.
Vou sentir sua falta quando ele partir...