terça-feira, 13 de abril de 2010

Niterói 2010

A pergunta é :

não é como tratamos nosso lixo;
mas, sim , como tratamos as pessoas.


Pessoas são humanas,
não entram em decomposição no sentido "Aurélio" da palavra,
não enquanto estão vivas. ;
ou pelo menos não deveriam.
Pessoas não são lixo.
Ou pelo menos não deveriam ser.


Lixo de papel, metal, ou vidro.
Lixo de palavras ou atos.
Lixo nas atitudes.
Mas quero dizer NÃO ao lixo de seres humanos.


Não devemos achar que tudo isso é fatalidade.
Alguma nova trágedia da natureza.
A natureza não tem parte nisso.
E Deus...pobre de Deus; muito menos.
Com certeza Ele assiste aterrorizado e triste
não acreditando até onde podemos chegar.



Somos os causadores de tudo.
Tudo que vem de cima.
Que brota de baixo.
Tudo que vem da água, da terra, do vento.
E que agora que desliza em lixo.


Eram pessoas.
Velhas, novas, crianças, animais.
Viviam em cima do lixo.
Talvez nem soubessem disso.
Estavam em casa.
Arrumando, cozinhando, estudando, dormindo.
Estavam vivendo...
Sobrevivendo.


E hoje, estão no lixo.
Se decompondo.
Como lixo.



O que estamos fazendo com as pessoas ?
Eu. Você. Nós. Os outros.
Todos somos pessoas.
Mas, para muitos...somos só uma montanha de lixo;
se decompondo...


Tudo isso é triste.
Muito triste.


texto de remall.








segunda-feira, 5 de abril de 2010

do outro lado da rua

Quando o passado sai correndo de dentro do baú
e te atinge direto no meio da cabeça,
ou melhor, no meio do peito.

Quando o ar parece que sumiu,
o chão se abriu.
Quando seus olhos não acreditam que estão vendo
o que na sua certeza absoluta não existia mais.

Mãos trêmulas, borboletas no estômago.
O mundo parou e ninguém se deu conta.
A voz embarga na garganta.

Acontecimentos em camera lenta.
Lembranças na velocidade da luz.
Tonteira.
Vertigem.
Correr kilômetros e não sair do lugar.
Lugar comum.
Lugar nenhum.
Dúvidas.
Certezas, agora, tão incertas.

O sorriso vindo em sua direção.
O sinal abriu.
Fingiu que não viu


texto de remall.