quinta-feira, 4 de março de 2010

estou em casa

Bate de leve nos vidros da janela a brisa do começo da manhã.
A madrugada começa a dizer adeus ao primeiro clarear de um novo dia.
Um som melodioso e contínuo invade o silêncio,
e com um simples prestar atenção podemos decifrar o canto de cada pássaro.
Eles voam, aos nossos destreinados olhos,

desgovernados,
mas para a natureza num balé perfeito;
cheios de significados que o tempo de observação nos faz entender.Uma joaninha verde de bolinhas laranjas,
(as tradicionais vermelhas c/ bolinhas pretas, já não são mais facéis de se ver)
voa e devora minhas mostardas, suas folhas preferidas.

São cores e sons da natureza.
Um poema de luz.

O perfume doce das flores brancas invade o ar quando as janelas são abertas.
Uma paz, uma certeza de liberdade, um sorriso.
Eu faço parte de tudo isso...

Estou em casa.





texto de remall.










Os botões da semanda passada que não passavam de um simples desejo
se abriram em branco e rosa e umas pequeninas em buquês amarelos.
Perto das hortaliças um besouro faz seu barulhão de bater de asas.

3 comentários:

  1. Quando comecei a ler este seu poema, lembrei-me imediatamente deste:


    Balada da neve


    Batem leve, levemente,
    como quem chama por mim.
    Será chuva? Será gente?
    Gente não é, certamente
    e a chuva não bate assim.

    É talvez a ventania:
    mas há pouco, há poucochinho,
    nem uma agulha bulia
    na quieta melancolia
    dos pinheiros do caminho...

    Quem bate, assim, levemente,
    com tão estranha leveza,
    que mal se ouve, mal se sente?
    Não é chuva, nem é gente,
    nem é vento com certeza.

    Fui ver. A neve caía
    do azul cinzento do céu,
    branca e leve, branca e fria...
    - Há quanto tempo a não via!
    E que saudades, Deus meu!

    Olho-a através da vidraça.
    Pôs tudo da cor do linho.
    Passa gente e, quando passa,
    os passos imprime e traça
    na brancura do caminho...

    Fico olhando esses sinais
    da pobre gente que avança,
    e noto, por entre os mais,
    os traços miniaturais
    duns pezitos de criança...

    E descalcinhos, doridos...
    a neve deixa inda vê-los,
    primeiro, bem definidos,
    depois, em sulcos compridos,
    porque não podia erguê-los!...

    Que quem já é pecador
    sofra tormentos, enfim!
    Mas as crianças, Senhor,
    porque lhes dais tanta dor?!...
    Porque padecem assim?!...

    E uma infinita tristeza,
    uma funda turbação
    entra em mim, fica em mim presa.
    Cai neve na Natureza
    - e cai no meu coração.


    Augusto Gil, Luar de Janeiro

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    1. Que lindo Soneca... vc me fez lembrar de uma peça que fiz na escolinha, ainda quando muito criança, eu era a formiguinha presa na neve, e nunca mais me
      esqueci dos dizeres... Ó sol, tú que és tão forte..desprende o meu pézinho...

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  2. Este poema damo-lo na escola, por isso é que ninguém esquece! É como uma lengalenga! Fica gravado na memória.

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adoro suas letrinhas combinando com as minhas